quarta-feira, 20 de abril de 2011

Malditos coletores de impostos!

Na esteira das sessões do álbum Revolver, mais uma música daquele disco chega aos 45 anos de sua primeira gravação. No dia 20 de abril de 1966, os Beatles gravaram um de seus grandes clássicos.

Taxman foi composta por George em 1966 como uma crítica corrosiva e irada contra o Departamento do Tesouro da Inglaterra que àquela época cobrava impostos exorbitantes, principalmente de quem tinha mais renda. John sugeriu a George que ele citasse na letra o nome de Harold Wilson, Primeiro Ministro britânico (1964-1970) e Edward Heath, o líder da oposição e Primeiro Ministro subsequente (1970-1974). Na letra, ele fala do implacável coletor de impostos, que cobra até o ar que se respira. É a primeira música e única de George a abrir um disco dos Beatles.

No dia 20 de abril, eles começaram a gravar a parte rítmica, o que acabou gerando 11 takes. O take 11, foi o primeiro com vocais (essa versão aparece no álbum Anthology 2). No princípio,  a parte do "Mr. Wilson, Mr. Heath" era entoado como "Anybody got a bit of money?" ("alguém tem um dinheirinho?" numa tradução livre) com vozes de falsete feitas por John e Paul. Foi nesse take que eles acrescentaram a famosa contagem (feita por Paul) da versão final da música. Dois dias depois, Ringo adicionou o cowbell e George gostou de um solo que Paul fez para a música usando escala descendente indiana. Foi a segunda vez que um solo de guitarra feito por Paul figurou numa música dos Beatles e o único numa composição de George.

Ao que parece, esta é uma das composições favorirtas de George en quanto Beatle, pois a incluiu quanto de sua tour conjunta com Eric Clapton no fi dos anos 80. Há muitas versões dela, das quais podemos destacar os covers de Junior Parker, Les Claypool, Stevie Ray Vaughan, Bill Wyman e Black Oak Arkansas. Tom Petty & Heartbreakers a tocaram no inesquecível Concert for George (2002).

Ficha técnica:

George: vocal principal dobrado, guitarra líder
John: guitarra rítmica, backing vocal
Paul: backing vocal, baixo, guitarra líder, contagem no início
Ringo: bateria, pandeiro, cowbell

Fonte:
Wikipedia (em inglês)
http://www.beatlesbible.com/songs/taxman/


Os Beatles e Mr. Harold Wilson


quinta-feira, 14 de abril de 2011

Chovendo no molhado

Ontem, falamos dos 45 anos da gravação de Paperback Writer e hoje vamos falar sobre o lado B do disco que completa hoje, 14 de abril, 45 anos também.

Rain foi composta por John em 1966 relembrando uma conversa que teve com o amigo e road manager da banda Neil Aspinall sobre a chuva torrencial que caía enquano faziam uma turnê pela Austrália (bem podia falar de nossa São Paulo de antanho, chamada "Terra da Garoa" se John tivesse conhecido a cidade). Segundo John, a música é sobre as pessoas que lamentam estar sob esse clima o tenpo todo. Há quem diga que, á época das sessões do Revolver, o uso de LSD provavelmente foi preponderante para inspirar as músicas compostas por eles. Rain tem um pouco dessa aura lisérgica. Mas ela também pode ser lembrada como uma espécie de precursora do Heavy Metal (a música Helter Skelter de 1968 também tem essa importância). Paul clama parte da ideia em cmpor Rain, embora ela pareça ter saído, de fato da cabeça de John. Veja a letra aqui

Na música, há um "casamento perfeito" entre as seções melódica (as guitarras de John e George muito bem concatenadas, gerando algo único e belo), harmônica (os backing vocals de George e Paul como que "conversando" com o vocal principal de John) e rítmica (o baixo e a bateria num constante "bate papo" que permite às vezes que um sobressaia sobre o outro). Nunca uma música de lado B de um disco chamou tanta atenção quanto o lado A, mais divulgado). Foram necessários dois dias de sessões para finalizá-la.

Assim como Paperback Writer, Rain também teve algumas filmagens promocionais dirigidas por Michael Lyndsay-Hogg e alcançaram muio sucesso em programas de TV como Ready Steady Go.

Há alguns covers da música, do quais poedmos citar os interpretados po Grateful Dead (em seus homéricos shows dos anos 90), Petula Clark e Humble Pie. U2 e Fairport Convention também a gravaram e tocaram em momentos diferentes. Alguém conhece mais alguma? É só postar nos comentários que eu dou o crédito.

Ficha técnica:

John: vocal principal, guitarra rítmica
Paul: backing vocal, baixo
George: backing vocals, guitarra líder
Ringo: bateria

Fonte:
Wikipedia (em inglês)
http://www.beatlesbible.com/songs/rain/

Capa do single Paperback Writer/Rain

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Uma canção sem amor

Calma que explico. Não é uma música que fale de ódio. Só não há a palavra "amor", muito comum entre músicas dos Beatles. Há 45 anos atrás, no dia 13 de abril de 1966, eles entraram em estúdio para gravar o seu álbum Revolver e numa dessas sessões acabaram gravando a música Paperback Writer para um single lançado naquele ano.

Paperback Writer (escritor de livro de bolso, numa tradução livre) foi composta por Paul em 1966 e seguia a pretensão que ele e John tinham de compor músicas com uma única nota e com quase nehuma variação na tonalidade, algo que eles tiveram êxito em The Word (que também fez parte das sessões do álbum Revolver). Já a letra teve a inspiração de um artigo que Paul havia lido no jornal inglês Daily Mail falando sobre aspirantes a escritores. Ele a teria escrito enquanto estava se dirigindo à casa de John em Weybridge. Quando encontrou o parceiro tinha a ideia pronta de escrever a letra da música como se fosse uma carta. Alguns destaques da música são: a harmonização a três vozes, o vocal de apoio de uma das estrofes onde eles cantam a cantiga infantil francesa Frère Jacques (uma reminscência de My Bonnie?) e a cozinha rítmica nota 10 de Paul/Ringo.

Desde que os Beatles assinaram contrato com a Parlophone, ficou acertado entre Brian Epstein (empresário da banda) e George Martin (produtor) que os Fab 4 gravariam uns quatro singles fora dos álbuns lançados em cada ano (além dos singles extraídos desses álbuns). Paperback Writer quebrou esse paradigma e no ano de 1966, foi lançado apenas um single fora do álbum Revolver. Naquela altur,a os Beatles estavam mais centrados na criação e produção musical, deixando os assuntos comerciais em segundo (ou até terceiro) plano. Foi uma das poucas músicas mais elaboradas dos Beatles a serem tocadas ao vivo.

Também, foi uma das primeiras músicas a apresentarem vídeos promocionais, uma vez que a banda havia parado de excursionar e participar de programas de TV em outros países, inaugurando conceito que viria a ser conhecido como video clipe. Michael Lyndsay-Hogg, mais conhecido por dirigir o documentário Let It Be de 1970) foi o diretor dos filmes promocionais de Paperback Writer. Veja clip.

Há versões da música com Bee Gees, The Cowsills e The Sweet. Acredito que existam outras e deixo você, querido leitor, à vontade para falar disso nos comentários. Eu dou o crédito.

Ficha técnica:

Paul: vocal principal, backing vocal, baixo
John: backing vocal, guitarra rítmica
George: backing vocal, guitarra líder
Ringo: bateria

Fonte:
Wikipedia (em inglês)
http://www.beatlesbible.com/songs/paperback-writer/
Capa do single Paperback Writer

terça-feira, 12 de abril de 2011

Seguindo Pistas

Quando Paul sofreu um acidente de moto em 1966 isso abriu margem para o maior folclore da história dos Beatles: a Morte de Paul. O boato era de que teria morrido de forma violenta por causa de tal acidente e foi subsituído por um tal William Campbel ou Billy Shears. Alguns fãs se tornaram "detetives" e passaram a perscrutar os discos dos Beatles à procura de "pistas" sobre o ocorrido. Nossos herois, pra dar umas risadas e curtir com a cara desses paranóicos chamados "Beatle-intérpretes" plantaram as tais "pistas". É disso que trata a música da qual vamos falar neste post.

Glass Onion foi composta por John em 1968, sendo uma das poucas que não foram escritas quando do idílio dos Beatles na Índia, de onde voltaram cheios de ideias para um novo álbum. Ela tem citações de vários clássicos dos Beatles como I'm The Walrus, Lady Madonna, The Fool on the Hill, Fixing a Hole e Strawberry Fields Forever. Cansado das especulações dos Beatles-intépretes, John faz sua crítica à perda de tempo deles. O título da música John teria tirado de  Through A Looking Glass, livro de Lewis Carroll (autor de Alice no País das Maravilhas), um de seus escritores favoritos. Veja letra aqui.

Foram necessários 6 dias de sessões para que a música ficasse do jeito que conhecemos no White Album, sendo que no primeiro dia, foi trabalhada a parte rítmica básica. No segundo John adicionou os vocais e Ringo o pandeiro (curiosidade: é a primeira participação do baterista nas sessões do disco, que tinha se indisposto com Paul dias antes e chegou a deixar os Beatles por um tempo). No terceiro foi a vez de Paul incluir o baixo e Ringo uma outra parte da bateria. Depois vieram os efeitos e as orquestrações do final. Os destaques da música são a voz agressiva de John, Paul tocando flauta, a cozinha rítmica muito bem levada por Paul e Ringo, a guitarra de George e o final com uma orquetra dando um tom meio misterioso, como se fosse um filme de suspense.

No Anthology 3, saíram duas versões alternativas da música: uma demo feita na casa de George e outra com final alternativo (ao invés da orquestra, uma voz gritando: "é gol!", extraída aleatoriamente do rádio).

Ficha técnica:

John: vocal principal, violão
Paul: baixo, piano, flauta
George: guitarra líder
Ringo: bateria, pandeiro
Músicos de estúdio:
Henry Datyner, Eric Bowie, Norman Lederman, Ronald Thomas: violinos
John Underwood, Keith Cummings: violas
Eldon Fox, Reginald Kilbey: violoncelos

Fonte:
http://www.beatlesbible.com/songs/glass-onion/
http://www.thebeatlesonline.com/pages/beatles_glassonion.htm

John: olhando através dos óculos de cebola

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Amor oriental

Continuando a falar dos 45 anos do início das sessões de gravação do álbum Revolver, no dia 11 de abril de 1966 os Beatles voltaram ao estúdio 2 em Abbey Road para continuar trabalhando em Got to Get You into My Life (ver post), que eles começaram em 8 de abril, e uma composição de George.

Love You To foi composta por George em 1966 enquanto tocava  cítara, instrumento que ele começou aprender com o músico indiano Ravi Shankar. George já havia usado cítara na canção de Lennon & McCartney Norwegian Wood do álbum Rubber Soul, que introduziu o instrumento no contexto do Rock and Roll. É a primeira composição dele utlizando a estrutura musical indiana, onde fala sobre filosofia e sobre o amor em forma de declaração à sua então esposa Patti Boyd Harrison, com que havia acabado de se casar. Veja a letra.

Quando entraram em estúdio para gravar a música, ela tinha o título provisório de Granny Smith e o primeiro take apresentava George ao violão e vocal e Paul fazendo harmonias. Depois, entraram músicos de estúdio do grupo Asian Music Circle como Anil Bagwat (primeiro músico indiano a ser creditado num disco dos Beatles) tocando outros instrumentos indianos. Paul acrescentou o baixo enquanto Ringo tocou pandeiro. Paula ainda acrescenou alguns falsestes que acabaram não sendo aproveitados no produto final. Foram necessários 2 dias de sessões (11 e 13 de abril) para finalizar a faixa. John não participou das sessões.

Ficha técnica:

George: vocal principal dobrado, violão, guitarra líder, cítara
Paul: harmonias vocais, baixo
Ringo: pandeiro
Anil Bagwat: tabla
Asian Music Circle: tamboura, svaramandal, cítaras

Fonte:
http://www.beatlesbible.com/songs/love-you-to/

George e Ravi Shankar: Discípulo e mestre

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Com os diabos, Beatles!

Como dito em alguns posts anteriores, os Beatles eram tão fascinados pelos Girls Groups americanos que acabaram gravando alguns covers em seus dois primeiros álbuns. Até agora falamos de Baby It's You, Boys (Shirelles) e Chains (Cookies). Agora vamos tratar do derradeiro cover de girls groups em discos dos Beatles.

Devil in His Heart foi composta por Richard P. Drapkin e gravada em 1962 por um jovem e obscuro grupo feminino de Detroit chamado The Donays. Yvonne Symington (vocal principal) e suas amigas Janice, Gwen e Michelle haviam acabado de formar o grupo, que tinha muito de Shirelles e Supremes em sua concepção, quando foram chamadas pelo pequeno selo Correct-Tone Records para gravar a música (tendo por lado B Bad Boy, também de Drapkin).

Além da música não ter tido êxito comercial, The Donays teve uma existência efêmera. A líder das Donays iniciou sua carreira solo com o nome Yvonne Vernee e gravou mais alguns discos pelo selo. Mais tarde, integrou um grupo vocal da Motown chamado The Elgins. Existe um música homônima, composta em 1963 por Robert Gordy para a cantora da Motown Carolyn Crawford e que nada tem a ver com a gravada pelas Donays [a não ser o nome]. A letra da música fala sobre uma pessoa apaixonada que se recusa a seguir conselhos dos outros para não se entregar ao amor que vive. As pessoas dizem: "cuidado, ela tem o diabo no coração" no que o apaixonado responde: "não, ela é um anjo enviado para mim".

Os Beatles tiveram acesso à música em fins de 1962 através da NEMS, loja de discos de seu empresário Brian Epstein que importava discos considerados obscuros nos EUA. Depois de mudarem o nome apropriadamente para Devil in Her Heart, provavelmente a música deve ter constado do repertório dos Beatles naquele ano (não há registro), assim como muitas outras músicas de artistas desconhecidos ou lados B de singles consagrados. Isso era uma jogada de mestre da banda, que se tornava mais interessante ao público por tocar aquilo que nunca tinha sido ouvido.

Em 1963, alguns dias antes de incluir a música nas sessões do álbum With The Beatles, a banda tocou-a num programa da BBC chamado Pop Go The Beatles (lançada em 1994 no EP Baby It's You extraído do álbum Live at BBC). No estúdio, a banda fez um pré-ensaio e gravaram três takes, sendo que o terceiro foi aprovado. Um destaque da música é a atmosfera latina com direito a maracas tocadas por Ringo e o vocal dobrado de George, além das deliciosas harmonias feitas por John e Paul. Ela foi relembrada por George em 1969 durante as Get Back Sessions durante os ensaios de Don't Let Me Down.

Até onde pesquisei, não há outras versões da música. Se alguém conhecer, pode postar nos comentários que darei o devido crédito.

Ficha técnica:

George: vocal principal, guitarra líder
John: harmonias, guitarra rítmica
Paul:  harmonias, baixo
Ringo: bateria, maracas

Fonte:
Wikipedia (em inglês)
http://www.beatlesbible.com/songs/devil-in-her-heart/
http://www.beatlesebooks.com/devil-in-her-heart

Os Beatles com George Martin: sem o diabo no coração

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Uma conta simples

Quanto é um mais um? Não precisa responder, pois é a conta matemática mais elementar que existe. Parece até meio bobo falar dessas coisas que aprendemos na primeira série mas tem tudo a ver com esse post.

One and One is Two foi composta por Paul em 1963, com crédito para Lennon & McCartney por causa do famoso acordo entre os dois Beatles de assinar em dupla mesmo se a música tivesse sido escrita/composta por um deles apenas. É uma das mais obscuras composições deles. Não se sabe se Paul tinha pretensão de usá-la num disco dos Beatles. Ao que parece, ele pode não ter gostado do resultado pela estrutura simplória que a música tinha, a partir de uma demo que ele fez ao violão. Sendo assim, ela acabou sendo cedida a outros artistas, tornando-se , assim uma gave away song.

Billy J. Kramer & The Dakotas (banda empresariada por Brian Epstein) foram os primeiros cogitados a gravaram a canção, já que tinham conseguido grande êxito com duas músicas da lavra de Lennon & McCartney, Do You Wat to Know a Secret (veja post) e Bad to Me. Eles recusaram talvez por não ver grande coisa naquela música ou por que estavam com músicas demais creditadas à dupla (além das duas citadas, podemos citar I Call Your Name, I'll Be on My Way, I'll Keep You Satisfied e From a Window. Ufa!). Outra banda empresariada por Epstein, The Fourmost também foi sondada mas já estava sossegada com suas duas gave aways, Hello Little Girl e I'm In Love.

A música acabou sendo gravada em 1964 por uma banda obscura chamada The Strangers with Mike Shannon e foi um retumbante fracasso comercial a exemplo de Tip of My Tongue, outra música de Lennon & McCartney (cedida a Tommy Quickly) que não decolou. tanto a banda quanto a música sumiram no limbo. Ela acabou sendo gravada numa coletânea chamada The Songs that Lennon & McCartney Gave Away e só. Em sua famosa entrevista na Playboy em 1980, John enumerou músicas suas, de Paul e creditadas de fato à dupla e o comentário que fez sobre One and One is Two foi: "esta foi horrível!".

Nos anos 80 e 90, a música foi lembrada pela banda holandesa Bas Muyspela australiana The Beatniks e pela argentina The Beats, em seus respectivos álbuns com canções cedidas a outros artistas.


Ficha técnica:

Paul: vocal principal, violão

Fonte:
http://www.answers.com/topic/the-strangers-with-mike-shannon

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Apertando o gatilho do Revolver

Há 45 anos atrás, no dia 06 de abril de 1966, os Beatles entravam no estúdio da Abbey Road para iniciar as sessões de gravações de um de seus melhores álbuns, Revolver. Para comemorar a data, vamos falar da primeira música gravada naquela ocasião.

Tomorrow Never Knows foi composta por John em 1966 baseada no livro A Experiência Psicodélica dos psicólogos Timothy Leary e Richard Alpert que continha uma adaptação do antigo Livro Tibetano dos Mortos. Leary acabou se tornando anos depois famoso como "Mago do LSD" e grande amigo de John. Quando começaram a gravar a música, ela ainda não tinha um nome, sendo chamada apenas de Mark I. Foi graças a um comentário que Ringo (sempre ele!) teria feito numa entrevista daqueles loucos dias iniciais da Beatlemania dizendo algo sobre "amanhã nunca se sabe". Reza a lenda que John a teria concebido a partir dos efeitos de LSD, o que causou muita polêmica na época.

Na hora de gravar, George Martin perguntou a John o que ele queria na música. John teria dito que imaginava um coro de macacos cantando como fundo ao instrumental e à voz principal. O produtor fez o que pôde a partir da concepção de John, tentando deixá-la o mais próximo possível do que era imaginado. Além da voz quase onírica de John duplicada, o destaque da música é a cozinha (baixo e a bateria) num rítmo hipnótico no tom G (sol). Paul faz um solo invertido de guitarra e todos usam tape loops (fitas pré-gravadas com cinco efeitos sonoros diferentes: ruído de gaivota musurado com a risada de Paul distorcida, um acorde em B tocado por uma orquestra, um mellotron com efeito de flauta, outro mellotron emulando um violino e uma cítara distorcida). É som para Stochausen nenhum botar defeito, poderia ser dito. Ao final, George Martin toca piano.

A letra fala sobre a experiência psicodélica propriamente dita através de expressões como "desligue a mente", "deite os pensamentos" e "ouça a cor dos seus sonhos". Foram precisos umas três sessões para que a música chegasse no ponto como a conhecemos (houveram sessões de gravação dela nos dias 6, 7 e 12 de abril).

Foram lançadas versões alternativas da música no álbum Anthology 2 (1996) e no álbum Love (2006), misturada com Within You Without You do álbum Sgt. Pepper's com produção de George Martin e seu filho Giles Martin.

há alghumas versões (covers) da música que foram gravadas, principalmente pelo Grateful Dead (junto com o clássico de The Who Baba O' Riley), Jimi Hendrix num bootleg raro e a versão do grupo oriental Monsoon. A música aparece no filme Sucker Punch, lançado recentemente. Se o leitor conhecer outra versão que não enumerei aqui basta informar nos comentários. Darei o devido crédito.

Ficha técnica:

John: vocal principal dobrado, órgão, tape loop
Paul: baixo, solo de guitarra invertido, tape loop
George: guitarra líder, tamboura, cítara, tape loop
Ringo: bateria, pandeiro, tape loop
George Martin: piano

Fonte:
Wikipedia (em inglês)
http://www.beatlesbible.com/songs/tomorrow-never-knows/


Bem vindos à psicodelia visual!


Curtindo os Beatles adoidado finale

A música acabou se tornando um grande sucesso, sobretudo nos shows ao vivo dos Beatles de 1963 a 1966. Uma de suas apresentações mais cômicas aconteceu no Royal Command Performance em novembro de 1963, tendo a rainha Elizabeth II e toda a Família Real britânica no camarote. Ao apresentar a música, John soltou: "For our last number I'd like to ask your help. The people in the cheaper seats clap your hands. And the rest of you, if you'd just rattle your jewellery. We'd like to sing a song called Twist And Shout". ("para nosso último número, gostaríamos de pedir sua ajuda. As pessoas sentadas nos lugares mais baratos batam palmas o resto de vocês pode chacoalhar as joias. gostaríamos de cantar uma canção chamada Twist and Shout").

Foi lançada em single em 1964 para o mercado dos EUA, tendo por lado B There's a Place e alcançou o topo das paradas. Foi também lançada como EP (compacto duplo) na Inglaterra, contando com Do You Want to Know a Secret, A Taste of HoneyThere's a Place (outras músicas do álbum Please Please Me).

Pouco depois do álbum dos Beatles, a banda britânica Brian Poole & The Tremeloes gravou e lançou sua versão tendo como base o cover dos Fab 4. Curiosamente, essa banda havia sido escolhida no início de 1962 pela Decca Records em lugar dos Beatles, que haviam sido rejeitados.

Há outras versões da música como as interpretadas por The Searchers, The Iguanas, The Mamas & The Papas e The Shangrilas, entre outras. A fama de que ela seria uma composição dos Beatles veio especialmente quando foi redescoberta pela geração Y no filme Ferry Bueller's Day Off (Curtindo a Vida Adoidado) de 1986, estrelado por Matthew Broderick. A imagem de Ferry Bueller (personagem de Broderick) dublando a música numa parada de rua, entrou para o imaginário geral e é uma das cenas mais icônicas da história da Sétima Arte. Veja o clip aqui.

Por falar em cinema, ela fez parte dos filmes The Birth of Beatles (1979) e Backbeat (1995), duas biografias filmadas dos Beatles, sendo interpretada pelas bandas Rain e Backbeat, respectivamente.

Ficha técnica:

John: vocal principal, guitarra rítmica
Paul: backing vocals, baixo
George: backing vocals, guitarra líder
Ringo: bateria

Fonte:
Wikipedia (em inglês)
http://www.beatlesbible.com/songs/twist-and-shout/
http://www.beatlesebooks.com/twist-and-shout
John antes do gracejo no Rayal Command Variety (1963)  

terça-feira, 5 de abril de 2011

Curtindo os Beatles adoidado parte 1

Gostaram do título? É uma brincadeira com o nome do filme Curtindo a Vida Adoidado. Já sabem de que música que eu vou falar, né? A dica é explícita.

Twist and Shout foi composta em 1961 pelo produtor e compositor americano Bert Berns (1929-1967), usando o pseudônimo Bert Russell em parceria com o compositor Phil Medley (1916-1997). Como o nome entrega, foi feita para aproveitar a onda do Twist, uma dança em voga, popularizada pelo cantor Chubby Checker naquele ano. Ela havia sido gravada originalmente pelo grupo The Top Notes com a produção do ainda inexperiente Phil Spector. Como Bert Berns detestou a versão produzida por Spector, regravou-a em 1962 com o grupo The Isley Brothers, tendo como lado B Spanish Twist. Na ocasião, não deixou ninguém meter o bedelho e cuidou ele mesmo da produção. Resultado: foi o segundo melhor hit da carreira dos Isley (seu primeiro sucesso fora em 1959 com Shout!) e um clássico do início da década.

Bert Berns (ou Russell) continuou compondo e produzindo várias músicas ao longo da década de 60 das quais podemos destacar o clássico sessentista Hang on Sloopy (imortalizada pelos McCoys), Here Comes The Night (gravada pela banda irlandesa Them que apresentou para o mundo o cantor Van Morrison) e Piece of My Heart, um clássico de Janis Joplin & Big Brother & Holding Company em seu álbum de estréia. Ele morreu em 1967 aos 38 anos de um ataque cardíaco. Já Medley não teve tanto êxito quanto seu parceiro mas compôs com ele  If I Didn't Have a Dime, um hit menor de Gene Pitney.

Os Beatles ouviram a versão dos Isley Brother e a adotaram em seu repertório dos shows pré-Parlophone. Uma versão primitiva foi tocada no show do Star Club em Hamburgo (que foi lançada no álbum semioficial Live at Star-Club, 1962 em 1977). Em suas primeiras incursões em programas da BBC, a música também fazia parte do repertório daquelas apresentações.

Quando os Beatles começaram as sessões de gravação de seu álbum de estréia, Please Please Me (1963), George Martin sugeriu que eles listassem algumas coisas que eles costumavam tocar no Cavern Club, além de composições originais. Twist and Shout foi incluída pelo potencial climático. Era uma das melhores dos shows e por pouco não ficou de fora do disco. No dia em que estavam gravando o disco, John estava gripado e dando conta do recado graças a pastilhas que estava chupando para aliviar a dor de garganta. No fim do dia, com praticamente todo o material do álbum gravado, faltava uma música para fechar os trabalhos. Aí entrou em cena Twist and Shout, prevista para dois takes. Caso tais tomadas não saíssem a contento, no dia seguinte, eles voltariam a trabalhar nela. Só que John não queria deixar para outra ocasião. Ele deve ter pensado consigo mesmo: "ou vai ou racha". Quando começaram a gravar o primeiro take, John mandou ver no gogó, o que criou uma energia que seus colegas de banda sentiram, deixando a gravação transcorrer sem problemas. Quando acabou, George Martin gostou do resultado e sugeriu, brincando, um segundo take. Nessa altura do campeonato John já estava sem voz e estava pedindo arrego!

Continua no próximo post

Fonte:
Wikipedia (em inglês)
http://www.beatlesbible.com/songs/twist-and-shout/
http://www.beatlesebooks.com/twist-and-shout

Isley Brothers: sucesso com Twist & Shout

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Cante e Voe, Pássaro Preto

No dia 04 de abril de 1968, um dos maiores defensores da igualdade entre os seres humanos foi assassinado. Naquele dia, há exatos 43 anos, Martin Luther King perdeu a vida por acreditar num mundo onde todos pudessem viver em harmonia. Por isso, hoje vamos fazer uma homenagem a esse grande ser humano falando sobre uma bela canção dos Beatles.

Blackbird foi composta por Paul em 1968, durante a estada dos Beatles na Índia. Para o acompanhamento do violão, ele teve como inspiração a peça Bourée em mi menor de Johann Sebastian Bach, que ele e George haviam tentado aprender durante a juventude, quando estudavam violão erudito. John e Paul haviam aprendido a técnica de dedilhado folk com o cantor Donovan e esta música é um exemplo disso. A estrutura métrica da música segue uma linha ndada ortodoxa, variando do 4/4 para o 3/4 e 2/4 em seus três versos em tom de G (sol). A letra da música foi escrita depois que Paul leu os jornais e viu a tensão racial que se avizinhava nos EUA, bem como o sofrimento das mulheres negras para se impor na sociedade racista e machista. Durante a primeira vez em que Linda Eastman, futura esposa de Paul, estave em sua casa, o Beatle tocou uma versão primitiva da música para uns fãs felizardos que estavam acampados por lá.

Como dito anteriormente, a letra fala do melro (nome em português), um pássaro de plumagem preta que tem um belo canto, que representa as mulheres vítimas da violência e preconceito racial. O verso que diz "Take these broken wings and learn to fly" (Tome essas asas quebradas e aprenda a voar) é um incentivo para que elas não se deixem vencer pelas dificuldades enfrentadas e continuem em frente.

A gravação da música durante as sessões do White Album contou apenas com Paul ao violão e voz, fazendo a marcação com o pé num assoalho colocado estrategicamente no estúdio para emular uma verdadeira canção tipicamente folk. Para o final da música, pediu que os engenheiros de som adicionassem o canto do melro (efeito sonoro) o que a deixou com o resultado que conhecemos.

Uma curiosidade macabra sobre a música: ela teria inspirado (junto com Helter Skelter e Piggies do mesmo álbum) o psicopata Charles Manson e seu grupo de seguidores sádicos a cometer os bárbaros crimes de 1969, onde a atriz Sharon Tate, esposa do diretor Roman Polanski foi uma das vítimas.

Existem outras versões conhecidas de Blackbird, das quais citamos a interpretada pelo supergrupo Crosby Stills, Nash & Young que a tocaram quando de sua persentação no festival Woodstock. Também cito os covers de Grateful Dead e Billy Preston. Ela sempre fez parte do repertório da carreira solo de Paul como esta versão.

Se alguém conhecer alguma outra versão, pode falar dela via comentários. Darei o devido crédito

Ficha técnica:

Paul: violão, marcação com o pé
Efeitos sonoro: chilrear de um melro

Fonte:
Wikipedia (em inglês)
http://www.beatlesbible.com/songs/blackbird/

"Melro cantando no morrer da noite..."

sexta-feira, 1 de abril de 2011

A Veia Soul dos Beatles ataca novamente

Aproveitando que amanhã, 2 de abril será aniversário saudoso Marvin Gaye (se ainda estivesse vivo, estaria completando 72 anos), vamos falar sobre mais uma música dos Beatles influenciado pelo estilo que consagrou o cantor que ajudou a celebrizar a gravadora Motown. Veja biografia dele aqui. Num post anterior, havíamos falado de You Can't Do That, que tinha a mesma levada Soul típica da Motown.

When I Get Home foi composta por John tendo em mente essa atmosfera de Soul e Rhythm & Blues, tentando emular algo de Wilson Pickett que ele admirava tanto. Tem uma pitada da influência de Arthur Alexander, especialmente na letra. Também é uma bronca sutil do Beatle pelos três meses que os Beatles ficaram trabalhando o álbum A Hard Day's Night (1964), já que os anteriores foram terminados em poucos dias. Essa foi uma das últimas músicas a serem gravadas para o disco. Alguns destaques: o poderoso baixo de Paul fazendo uma marcação digna dos músicos de estúdio da Motown; os backings e harmonias de Paul e George e a bateria nervosa de Ringo fazendo com o baixo de Paul uma cozinha (backbeat) infernal como sempre. O estúdio 2 da Abbey Road parecia uma filial da Motown ou da Stax.

A letra fala sobre a urgência que um sujeito tem em chegar logo em sua casa e fazer amor sua garota [letra típica de Soul...]. Nessa época, John estava casado com Cynthia Lennon e havia muito fogo em sua relação marital.

Não consegui levantar nenhum versão da música com outros artistas. Quem souber, pode postar nos comentários que eu dou o devido crédito. Alguém quer fazer as honras?

Ficha técnica:

John: vocal principal, harmonias, guitarra rítmica
Paul: harmonias, baixo
George: harmonias, guitarra líder
Ringo: bateria

Fonte:
Wikipedia (em inglês)
http://www.beatlesbible.com/songs/when-i-get-home/
http://www.beatlesebooks.com/when-i-get-home


"Você não sabe o que a aguarda, sra. Lennon.
Estou cheio de amor pra te dar..."


quinta-feira, 31 de março de 2011

Get Back Sessions: Uma música animal!

Como dissemos no primeiro post desta série, em janeiro de 1969, os Beatles tinham um projeto de volta às origens, tocando sem trucagens para um possível documentário e shows ao vivo. Foi aí que começou a maratona de ensaios, jams e gravações que se tornaram referência para confecção de inúmeros bootlegs dos Beatles.

The House of Rising Sun é uma canção folclórica americana que está imersa em controvérsias. Não se sabe ao certo quem a compôs ou quando isso aconteceu. As informações sobre sua origem são meras conjecturas. Uma das primeiras versões da música teria sido gravada em 1928 por Alger "Texas" Alexander com o título The Risin' Sun. A letra era diferente mas tinha uma levada que lembra em muito aquela que o público conhece. Graças ao folclorista e etnomusicologista americano Alan Lomax a música não caiu na obscuridade. A versão original dita "oficial" teria sido gravada em 1933 por Clarence Ashley e Gwen Foster. Depois teria sido interptretada por nomes como os cantores Folk Woody Guthrie, Roy Acuff, Josh White, Georgia Turnero lendário Bluesman Leadbelly e o cantor de baladas Frankie Lane. Joan Baez, uma das mais proeminentes vozes do Folk americano gravou uma versão em seu álbum de estréia em 1960. Um ano depois, foi a vez de Bob Dylan gravá-la, sendo uma das versões mais conhecidas atualmente. Em 1962, veio a versão de Nina Simone, que foi a base para o grande hit dos Animals em 1964, embora Alan Price, o tecladista da banda tenha apregoado que a canção fosse do folclore inglês do século XVI. O cantor e membro fundador do Aphrodite's Child (ver biografia aqui), Demis Roussos a teria cantado em shows quando morava na Grécia. Depois do fim de sua banda Aphrodite's Child ele acabou gravando-a junto com o colega Vangelis. A letra da música fala sobre uma casa em New Orleans e da vida dura dos que nela moram.

Assim, chegamos às Get Back Sessions e os Beatles lembraram da música. Eles a tocaram no dia 9 de janeiro de 1969, após repassar Across the Universe. Cá prá nós, a versão deles é horrível. Tentaram emular a versão de Bob Dylan mas mais parece uma farra do que propriamente uma canção séria. Eles não tiveram muita vontade de trabalhá-la com mais afinco, para que talvez viesse a figurar no álbum. Não é uma das minhas favoritas dessa série de gravações dos Fab 4.

No início dos anos 70, a banda Frijid Pink gravou sua versão em seu primeiro álbum (na Internet tem gente que vende a ideia de que seja o Pink Floyd). Na segunda metade dos anos 70, a versão mais conhecida foi a interpretada pelo grupo Santa Esmeralda em rítmo de Disco Music, sendo um hit naquela década.

Ficha técnica:

John: vocal e guitarra rítmica
Paul: vocal e baixo
George: guitarra líder
Ringo: bateria

Fonte:
Wikipedia (em inglês)
http://www.beatlesbible.com/1969/01/09/get-back-let-it-be-sessions-day-six/

The Animals: sua versão de The House of Rising Sun
foi um dos maiores hits da banda

quarta-feira, 30 de março de 2011

Papo de garotas

Este é o quarto post em que falo do fascínio dos Beatles pelos Girls Groups e sua música. Já falamos aqui de Chains (The Cookies), Please Mr. Postman (The Marvellettes) e Baby It's You (The Shirelles). Aproveitando que escrevi um post sobre este último grupo no meu blog Biografias Musicais, vou falar de outra canção delas interpretada pelos Beatles.

Boys foi composta em 1960 por Luther Dixon e Wes Farrell e gravada originalmente pelas Shirelles, sendo lançada como lado B do single Will You Love Me Tomorrow, um dos maiores êxitos do grupo. Luther Dixon (1931-2009) era o produtor e responsável pela sonoridade característica do grupo e já tinha escrito o clássico Sixteen Candles do grupo de Doo Wop, The Crests. Já Wes Farrell (1939-1996) fez um grande sucesso, compondo e produzindo para nomes como Dion, Freddie Cannon, Chubby Checker e Timi Yuro.

Como já foi dito em posts anteriores, os Beatles usavam a estratégia de usar os lados B dos singles que ouviam para compor seu repertório dos shows, o que ocorreu com Boys. Ela era cantada por Pete Best, sendo seu stage act na banda. Quando Ringo chegou, mantiveram a música sob seus auspícios. Foi assim que eles incluíram Boys no seu álbum de estréia, Please Please Me (1963), junto com outro cover das Shirelles Baby It's You. A partir do sucesso da banda, a música ficou sendo o número especial de Ringo nas apresentações ao vivo, até ser substituída em 1965 por Act Naturally. A música aparece também em programas da BBC.

A letra fala de um dos interesses das garotas (garotos) e o sentido não foi mudado (de Boys para Girls) quando interpretado pelos Beatles.

O grande lance da música é o fato de Ringo cantar e tocar bateria com muit destreza, mostrando porque Mr. Starkey é um dos melhores bateras da história. Alguém duvida? O baixo preciso de Paul em cima da linha de bateria de Ringo e os backings vocals (e os shoutings)que ele faz  com John também são dignos de atenção. Não é a toa que Paul e Ringo são uma das melhores cozinhas (backbeat) do Rock.

Ficha técnica:

Ringo: vocal principal, bateria
John: guitarra rítmica, backing vocals
Paul: baixo, backing vocals
George: guitarra líder

Fonte:
http://www.beatlesbible.com/songs/boys/
http://www.beatlesebooks.com/boys

The Shirelles, um dos melhores girls groups dos anos 60

terça-feira, 29 de março de 2011

Ensaios Caseiros: instrumentais

Durante os ensaios que os Beatles faziam na casa do Paul em 1960, eles tocaram muita coisa instrumental, seja composições criadas ou covers através de jam sessions. John, Paul e George tocavam guitarra e Stu fazia o baixo (numa linha bem simples, é verdade).

Foram gravados, provavelmente em abril e maio alguns números instrumentais chamados simplesmente Instrumental Jams seguida por um determinado número (Instrumental Jams #1, #2 e #3 em abril e Instrumental Jam #1 e #2 em maio). Acesse aqui para saber mais detalhes e para ouvir o áudio. Outro número instrumental que fez parte dos ensaios, do qual falarei em outro post no futuro é Cayenne, que foi lançada no álbum Anthology (1995). Alguns covers instrumentais foram lembrados como Ramrod e Movin' and Groovin' do guitarrista americano Duane Eddy, muito apreciado pelos Beatles, sobretudo George que o tinha como uma de suas primeiras influências como guitarrista. Aqui e aqui as versões dos Beatles

Ramrod foi composta por Al Casey, integrante da banda de Duane Eddy e gravada por eles originalmente em 1958 e alcançou o 27º nas paradas. Já Movin' and Groovin' foi composta, também em 1958 por Eddy, dando o crédito de coautor a Lee Wazlewood, um DJ que incentivou muito a banda do guitarrista. Chegou ao 72º posto das paradas, mas é lembrada pelo fato de ter sido "surrupiada" pelos Beach Boys nos anos 60 como intro para seu clássico Surfin' USA, se bem que esse riff também é muito parecido com a introdução do clássico de Chuck Berry Brown-Eyed Handsome Man. Duane Eddy veio a fazer muito sucesso com o clássico Rebel Rouser, também composta nessa sessão e que chegou ao 6º posto das paradas. Ele se tornou uma unanimidade entre os guitarristas dos aos 60 em diante. Futuramente, vai abrilhantar nosso blog Biografias Musicais.

Ficha técnica:

John: guitarra
Paul: guitarra
George: guitarra
Stu: baixo
Mike McCartney: (provavelmente percussão num case de guitarra)

Fonte:
http://www.beatlesource.com/savage/1960/60.04.XX%20forthlin/60.04.XXforthlin.html
http://www.bootlegzone.com/album.php?name=batz0197&section=1

Capa de um booleg contendo os ensaios de 1960

segunda-feira, 28 de março de 2011

Um doce de música

Na formação musical dos Beatles está o fascínio que tinham por musicais, desde o vaudeville britânico de West End até  peças americanas da Broadway. As músicas dessas produções fizeram parte do repertório recorrente dos Beatles, especialmente no início dos anos 60.

A Taste of Honey foi composta por Bobby Scott e Ric Marlow em 1960 tendo por inspiração o tema recorrente (instrumental) da montagem para a Broadway de uma peça original britânica de mesmo nome. Em 1961, foi feito um filme adaptado da peça (veja um trecho). A primeira versão  cantada foi lançada em 1962, tendo por intérprete o cantor britânico Lenny Welch num single bem sucedido. A versão instrumental de Bobby Scott faria sucesso em 1963, ganhando um Grammy.

A partir da versão de Welch, no mesmo ano, os Beatles incluíram sua versão nos shows pré-Parlophone. O primeiro registro dela com os Beatles foi feito no show que os Beatles fizeram no Star Club em Hamburgo (sendo lançada em 1977 no semioficial The Beatles Live at Star Club 1962). Quando os Beatles entraram em estúdio para gravar seu primeiro álbum, Please Please Me (1963), a música foi incluída no set list. Também a tocaram em alguns programas que fizeram na BBC (uma versão foi lançada no álbum Live at BBC. para cantá-la, a escolha óbvia era Paul, o romântico de plantão. A letra da música fala da comparação entre os beijos da pessoa amada com algo "mais doce que o mel" e tem uma terceira estrofe que Paul só canta na versão do álbum Live at Star Club.

Essa música é um verdadeiro standard popular, tendo sido gravada por grandes cantores como Tom Jones, Johnny Mathis e Andy Williams. Sua versão instrumental foi interpretada por Herb Alpert & Tijuana Brass, alcançando um grande sucesso em 1965. Há outras versões como as interpretadas por Peggy LeeSarah Vaughn, Bobby Darin, HolliesBarbra Streisend,  Acker Bilk, Harry James & His Orchestra e a banda The Hassles (de onde saiu o cantor e pianista Billy Joel), entre outros. Num post futuro eu escrevo sobre outras versões.

Nos anos 70, foi formado um duo vocal feminino chamado A Taste of Honey que fez sucesso com a música Boogie Oogie Oogie, um clássico da Disco Music.

Fontes:
Wikipedia (em inglês)
http://www.beatlesbible.com/songs/a-taste-of-honey/

Lenny Welch, primeiro intérprete da
versão cantada de A Taste of Honey

sábado, 26 de março de 2011

Moleque danado!

Como todo mundo que já foi criança, os Beatles devem ter aprontado muito e deixado seus pais de cabelo em pé. Não que eles tivessem sido moleques endiabrados nos moldes do personagem da música de Renato e Seus Blue Caps O Escândalo (versão de Shame and Scandal in The Family). Mas não é isso que vem ao caso neste post. Vamos falar de uma das canções do cantor e Bluesman americano Larry Williams.

Bad Boy foi composta e gravada por Larry Williams (1935-1980) entre 1957 e 1958, tendo sido lançada num single em 1959, tendo como lado B She Said Yeah (que se tornou um clássico com os Rolling Stones). John era um grande admirador do jeito agressivo de cantar de Larry Williams e isso fica claro em covers interpretados por ele com os Beatles (Bad Boy, Slow Down e Dizzy Miss Lizzy) e carreira solo (Bonnie Moronie).

Os Beatles gravaram sua versão em junho de 1965 para ser lançada no ábum da discografia americana Beatles VI (uma mistureba de Beatles For Sale e Help! da discografia britânica). Os ingleses só vieram conhecer a versão dos Beatles em 1967 quando ela foi lançada na coleânea Collection of Oldies...But Goldies. Ela fez parte, ainda da coletânea Past Masters vol. I (lançada em 1988).

Além do vocal rasgado de John, um destaque é a guitarra solo de George duelando com a voz de John. A letra fala de um garoto-problema que apronta todas (como na música citada no início do post) com o diferencial que só quando faz Rock and Roll é que ele se sente bem.

Há poucos covers conhecidos da música, do qual citamos neste post a versão da banda canadense Rush feito em 1974. Outro cover que podemos citar foi o interpretado pela banda Backbeat no filme homônimo de 1994 (chamado no Brasil Os Cinco Rapazes de Liverpool). Há uma música cantada por Ringo na carreira solo chamada Bad Boy, do álbum homônimo (1978), original de 1957, que nada tem a ver com a composição de Larry Williams. Se algum leitor conhecer outra versão, pode falar sobre ela nos comentários. Darei o devido crédito.

Ficha técnica:

John: vocal principal, guitarra rítmica
Paul: baixo, piano elétrico
George: guitarra líder
Ringo: bateria, pandeiro

Fonte:
Wikipedia (em inglês)

Larry Williams: apreciado pelos Beatles e pelos Rolling Stones

quinta-feira, 24 de março de 2011

O início e o fim

Parece até meio bobo o título deste post mas ele tem um certo fundamento (considerando que queirmei neurônios durante horas pensando num nome). Quando John começou a aprender a tocar, sua mãe, Julia Stanley Lennon foi quem lhe passou as primeiras noções. O problema é que John havia aprendido a tocar violão a partir de acordes de banjo e assim foi durante um bom tempo, naqueles primórdios dos Quarrymen, a primeira banda de John. Caso queira acompanhar o início da biografia que estou escrevendo sobre os Beatles, veja aqui. Julia ensinou John a tocar algumas coisas do Rock como Ain't That a Shame de Fats Domino e tradicionais como Maggie Mae, uma canção inglesa que acredita-se ter tido origem no início do XIX. Era um hino informal da cidade de Liverpool e fazia parte do repertório recorrente dos Quarrymen pela facilidade que John tinha em tocá-la.

Em janeiro de 1969, durante as Get Back Sessions, quando os Beatles estavam preparando material para um projeto que visava uma volta às origens, nada mais justo que incluir no set list uma das músicas que John tocava na fase pré-histórica da banda, embora usassem apenas um trecho da letra. Com o arquivamento do projeto, poucas dessas músicas foram aproveitadas para o derradeiro disco dos Beatles, Let It Be (1970). A versão de Maggie Mae que conhecemos do disco tem apenas 41 segundos e não há sequer um final, apesar da produção do competente Phil Spector. Há uma versão um pouco maior dela com 56 segundos.  A letra conta a história de uma prostituta muito ladina que surrupiou um marinheiro e acabou sendo julgada por isso. A música é creditada aos quatro, sendo uma das únicas da discografia dos Beatles nessa condição [Flying do álbum Magical Mystery Tour (1967) é a outra]. Vejaz aqui a letra inteira.

Os Beatles não foram os primeiros a gravar a canção. A banda The Vipers Skiffle Group (de onde saíram Tony Meehan e Jet Harris para formar The Shadows - veja biografia aqui) chegou a gravá-la no final dos anos 50. Ela também foi utilizada, em 1964, num showcase teatral inglês homônimo feito Lionel Bart, criador do musical Oliver. Nos anos 70, o cantor inglês Rod Stewart (ex-Faces) gravou uma música chamada Maggie May que nada tem a ver com aquela canção tradicional. Ela foi lembrada, inclusive no  filme Nowhere Boy (2010), que fala sobre a juventude de John.

Quando o álbum Let It Be Naked (2003), com músicas do LP original sem a produção de Phil Spector, foi lançado, Maggie Mae ficou de fora.

Ficha técnica:

John: vocal principal, violão
Paul: backing vocals, harmonias
George: guitarra líder
Ringo: bateria

Fonte:

Wikipedia (em inglês)
http://www.beatlesbible.com/songs/maggie-mae/

Cena do filme Nowhere Boy que remonta um show dos Quarrymen de 1957

quarta-feira, 23 de março de 2011

Beatles on Blues

Em homenagem ao grande Pinetop Perkins, um grande Bluesman que faleceu anteontem, 21 de março, vamos falar de uma canção dos Beatles com a levada característica do Blues. Veja biografia dele aqui.

Yer Blues foi composta por John em 1968 quando os Beatles estavam na Índia. Apesar da aparente paz no retiro espiritual indiano, John estava escrevendo letras profundas e conturbadas. Nela, o Beatle faz um desabafo com sua própria vida, igual ao apelo por socorro que fez quando compôs o clássico Help! Embora pareça uma paródia com o estilo de cantar um Blues [triste], John traz à tona todos os seus temores e angústias. A canção de Bob Dylan Ballad of a Thin Man é uma clara influência para a elaboração da letra de Yer Blues. Os Beatles gravaram uma demo na casa de George em Esher e levaram ao estúdio quando começaram as sessões do White Album. Ringo é quem faz a contagem do começo. John faz uma das guitarras solo na versão do álbum.

A letra fala de um homem solitário que só pensa em morrer. Conforme depoimento posterior de John sobre a canção, "quando escrevi 'I'm so lonely I wanna die' [estou triste e quero morrer] na letra, eu não estava brincando". Evoca o personagem da música de Bob Dylan Mr. Jones que tinha o mesmo sentimento.

John tocou Yer Blues quando de sua participação no especial dos Rolling Stones chamado Rock and Roll Circus (1968) com uma banda improvisada chamada Dirt Mac Blues Band que tinha, além dele na guitarra rítmica e vocais, Eric Clapton (guitarra líder), Keith Richard dos Stones (baixo) e Mitch Mitchell da Jimi Hendrix Experience (bateria) além de Yoko (bongôs). Foi a primeira vez que John tocou ao vivo sem os Beatles. Tocou também em 1969 com a primeira formação da Plastic Ono Band no festival Live Peace  In Toronto no Canadá.

Há alguns covers interessantes da música dos quais o mais interssante é o interpretado pela Jeff Healey Band. Há alguma outra? Pode citá-la nos comentários que eu dou o devido crédito.

Ficha técnica:

John: vocal principal, guitarra líder
Paul: baixo
George: guitarra líder
Ringo: contagem no início, bateria

Fonte:
Wikipedia (em inglês)
http://www.beatlesbible.com/songs/yer-blues/

John e a Dirt Mac Blues Band tocando Yer Blues

segunda-feira, 21 de março de 2011

Burt Bacharach e os Beatles

Burt Bacharach é um dos maiores compositores de nosso tempo. O que pouca gente sabe é que os Beatles gravaram uma canção composta por ele. Não a gravaram apenas por causa do compositor mas por causa do fascínio que a banda tinha por girls groups [veja aqui e aqui], no caso deste post, The Shirelles. Vou escrever sobre o compositor e o grupo nos próximos posts do blog Biografias Musicais.

Baby it's You foi composta em 1961 por Bacharach (música), os veteranos compositores Mack David e Luther Dixon, que usou o pseudônimo de Barney Williams (letra) para o grupo feminino The Shirelles, um grupo que havia sido formado em 1958. Nessa época, Bacharach e seu parceiro recorrente Hal David trabalhavam para o lendário Brill Building, que tinha os melhores compositores americanos num único lugar. Mack David (1912-1993) era o irmão mais velho do parceiro de Burt e havia trabalhado como compositor da trilha sonora de clássicos da Disney como Branca de Neve e Cinderella, além de a versão em inglês da canção francesa La Vie En Rose de Edith Piaf. Luther Dixon (1931-2009) começou a carreira como cantor de grupos de Doo Wop e no final da década de 50 passou a se dedicar à composição e como produtor ajudou a criar o som que caracterizou The Shirelles. Inclusive, compôs outro clássico do grupo Boys com Wes Farrell, mas isso fica para outro post. Como single, Baby It's You chegou ao oitavo posto das paradas de R & B mas o álbum homônimo  foi aos primeiros lugares. A letra fala de um grande amor que prevalece contra qualquer sinal de despeito dos outros.

Quando os Beatles ouviram a música, imediatamente a colocaram em seu repertório regular. Tanto que ela foi colocada no set list das músicas que a banda iria gravar para seu primeiro álbum pela Parlophone, Please Please Me (1963). O ponto alto da versão dos Beatles é o vocal passional, quase gritado de John que impõe sobre ela uma bela carga dramática. Há também destaque para o solo de celesta tocado por George Martin junto com o solo de guitarra de George. Além do disco, a canção era peça recorrente nos programas que a banda fazia na BBC. Uma versão está no álbum Live at BBC (1994).

Além dos Beatles, a canção foi gravada por um grupo chamado Smith (nada a ver com a aquela banda surgida nos anos 80, The Smiths), The Carpenters, além de outros artistas dos anos 60 como Bruce Channel, Cilla Black e Dave Berry. Existem muitas outras versões que serão informadas em posts futuros.

Há um filme de 1983, com o mesmo nome e que tem a música como tema. Foi dirigido por John Sayles, tendo Rosana Arquette e Vincent Spano como protagonistas.

Ficha técnica:

John: vocal principal, guitarra rítmica
Paul: baixo, backing vocals, harmonias
George: guitarra líder, backing vocals, harmonias
Ringo: bateria
George Martin: celesta

Fonte:
Wikipedia (em inglês)


Burt Bacharach, grande compsositor

domingo, 20 de março de 2011

Não Aborreça o George parte 4

Olha nós aqui de novo falando de Don't Bother me. Descobri mais alguns covers.

O primeiro foi gravado pela banda americana Smithereens em 2007 em seu álbum cheio de covers dos Beatles chamado Meet The Smithereens. A banda foi formada em 1980 em Nova Jersey e seu nome ("pedaços") é uma referência ao bordão utilizado pelo personagem da Looney Tunes Yosemite Sam (o nosso velho conhecido Eufrazino, inimigo do Pernalonga) "vou explodi-los em mil pedaços!". A banda já está há 30 anos na ativa, sendo muito conhecida no meio alternativo.

A outra versão foi gravada pelo cantor e compositor americano Eytan Mirsky (nascido em 1962), mais conhecido por trabalhar com trilhas sonoras de filmes independentes como Happiness e American Splendor. Seu primeiro álbum foi gravado em 1996 e participou de uma coletânea de tributo a George lançada em 2003 chamada He Was Fab.


Será que esqueci de alguma? O leitor está convidado a informar via comentários.


Fonte: Wikipedia (em inglês)
http://www.allmusic.com/artist/eytan-mirsky-p430372/biography

Eytan Mirsky: dos filmes independentes para a música
The Smithereens: Álbum 100% Beatles

Grilos e Besouros - bônus

Segue, abaixo, como bônus aos fãs desses dois grandes grupos, algumas coisas interessantes do You Tube envolvendo os Beatles e os Crickets.

- John cantando algumas canções de Buddy Holly (das sessões do álbum Rock and Roll e algumas gravações caseiras)

- Paul tocando e cantando músicas de Buddy em diversos momentos.

- John, de novo, cantando Rave On numa gravação caseira.

- Paul e amigos (Linda, Denny Laine, Don Everly, os Crickets) em trechos do evento criado por ele chamado Buddy Holly Week (e não "Day" como escrevi em alguns posts anteriores), junto com depoimentos de Maria Elena Santiago Holly (viúva de Buddy Holly) e Roy Orbison.

Abertura do documentário The Real Buddy Holly Story (1985) mostrando Paul e Sonny Curtis dos Crickets.

Maybe Baby numa curiosa montagem misturando as versões cantadas por Paul e John em momentos distintos. Vale pela curiosidade.

- John e amigos (Yoko, Ringo, Phil Spector, entre outros) cantando e tocando  algumas músicas de Buddy Holly em 1971 no aniversário do Beatle.

Fonte: You Tube





Grilos e Besouros - apêndice

Não poderia finalizar esta série sem falar de músicas de Buddy Holly & The Crickets que foram interpretadas pelos Beatles mas infelizmente não foram feitos registros. Através de depoimentos feitos pelos próprios Fab 4 e por pessoas ligadas a eles é que é possível saber que eles tocaram tais músicas.

Peggy Sue foi composta por Buddy Holly em 1957 com o nome Cindy Lou (nome de sua sobrinha) e que foi alterado para homenagear a namorada e futura esposa do baterista dos Crickets Jerry Allison, listado como coautor junto com o produtor da banda Norman Petty. Ela teria servido de inspiração para a composição do clássico dos Beatles P.S. I Love You. Foi gravada por John em seu álbum solo Rock and Roll (1975) e interpretada por Paul nos anos 70.

Peggy Sue Got Married é uma sequencia da "saga" anterior e foi composta por Buddy em 1958 e lançada póstumamente. Ela foi lembrada pelos Beatles durante as Get Back Sessions e intitulou o ótimo filme de Francis Ford Coppola, homônimo (que em português foi chamado Peggy Sue, Seu Passado a Espera).

Everyday foi composta por Buddy e gravada em 1957 e tem o produtor Norman Petty listado como coautor. Apresenta uma celeste, uma espécie de xilofone ou glockenspiel. Essa os Beatles não lembraram de gravar nem nas Get Back Sessions.

It's So Easy foi composta por Buddy em 1958 e lançada no álbum póstumo The Buddy Holly Story (1959). Pena que os Beatles nunca a gravaram. Ia ficar muito legal. Paul costuma tocá-la no soundcheck de seus shows.

Maybe Baby foi composta por Norman Petty e Buddy Holly em 1957 e gravada no álbum The Chirpin' Crickets. Foi lembrada nas Get Back Sessions e Paul gravou-a, com produção e produção e participação de Jeff Lynne para a trilha sonora do filme Maybe Baby (Como Fazer Bebês) de 2000.

Think It Over foi composta nos mesmos moldes de Peggy Sue em 1958 e lançada no álbum já citado The Buddy Holly. Conta a lenda que numa apresentação dela, provavelmente no Cavern Club, John teve que cantá-la sem tocar guitarra, evocando aqueles vocalistas que só cantavam sem tocar instrumento algum [alguém sabe algo mais? Basta postar nos comentários que dou o devido crédito].

Raining in My Heart era da fase de Buddy já sem os Crickets e foi composta em 1958 pelo casal Felice e Boudleuax Bryant, que escreviam para os Everly Brothers.

Early In the Morning foi composta em 1958 por Bobby Darin e Woody Harris e foi baseada no clássico de Ray Charles Hallellujah I Love her So. Esta foi lembrada nas Get Back Sessions.

Love is Strange foi escrita por Ethel Smith em 1956 e foi gravada primeiramente por Mickey & Sylvia, tendo sido um hit naquele ano. Até hoje ela é alvo de disputas judiciais. A versão de Buddy provavelmente foi gravada em 1959 e só lançada em 1968. Os Beatles lembraram dela nas Get Back Sessions e Paul tocou-a nos anos 70.

Well...Alright foi composta em 1958 por Buddy, Jerry Allison e o baixista Joe Maudlin e a costumeira coautoria atribuída a Norman Petty e também foi lançada num álbum posterior à morte de Buddy Holly. Outra lembrada nas Get Back Sessions.

Como podem ver, os Beatles eram realmente grandes admiradores de Buddy Holly & The Crickets.

Fonte:

Wikipedia (em inglês)
www.beatlesbible.com


Buddy e Paul McCartney = grilo e besouro

sexta-feira, 18 de março de 2011

Grilos e Besouros - Finale

Buddy Holly foi muito importante não só como grande guitarrista, cantor e performer. Foi também compositor, arranjador e produtor, uma espécie de all-in-one, coisa rara nos artistas dos anos 50. Paul McCartney certa vez comentou que essa faceta produtiva de Buddy sempre o encantou. Ele teria dito para John: "Uau! Ele compõe e é músico!"

Para finalizar essa série, vamos falar de uma canção que foi gravada pelos Crickets sem Buddy Holly (já que nas partes 2 e 3 falamos de duas músicas de Buddy sem os Crickets).

Don't Ever Change foi escrita pelo casal de compositores Gerry Goffin & Carole King (estou devendo uma matéria com eles nas Biografias Musicais) em 1961 e gravada pelos Crickets no ano seguinte. A canção alcançou o top 5 nas paradas britânicas. Sua letra fala de um cara que pede à amada que que ela nunca mude de jeito. Há uma temática parecida no clássico dos anos 70 Just the Way You Are, interpretado por Billy Joel (seu compositor) e Barry White.

Ela foi gravada num dos programas que os Beatles faziam na BBC e traz um raro momento em que Paul e George fazem um dueto vocal nos Beatles (seja em covers ou composições próprias). Foi lançada no álbum Live at BBC (1994).

Há outras versões da música interpretadas por Brinsley Schwartz (1973) e Mud (1982).

Ficha técnica:

Paul: vocal principal, baixo
George: vocal principal, guitarra líder
John: guitarra rítmica
Ringo: bateria

Fonte:
Wikipedia (em inglês)
http://www.beatlesbible.com/songs/dont-ever-change/


73333081, Getty Images /CBS
Paul e George: dueto em Don't Ever Change
Crédito: Gettyimages


Grilos e Besouros - parte 5

Devido ao grande sucesso de Buddy Holly & The Crickets junto aos jovens ingleses, a banda acabou fazendo uma história turnê pelas ilhas britânicas. Entre os espectadores dos shows feitos em terras britânicas estavam dois futuros rockstars Paul McCartney e Mick Jagger.

Words of Love foi composta e gravada por Buddy em 1957 e foi lançada como single tendo como lado B Mailman Bring Me No More Blues [falamos dessa música num post anterior]. Nessa versão original, Buddy toca as duas guitarras e faz os dois vocais. Acredita-se que ele tenha sido o pioneiro no uso do recurso chamado double track que permite a gravação de duas trilhas uma sobreposta à outra, dando a impressão que foram tocadas ao mesmo tempo (por exemplo, uma voz fazendo harmonia para outra). Os Beatles usaram muito esse recurso em seus discos.

A letra da música fala, obviamente, de doces palavras de amor que um cara espera ouvir de sua amada. Curiosidade: John usa um trecho da música - the words I long to hear [as palavras que eu gostaria de ouvir] - na sua composição All I've Got to Do do álbum With The Beatles (1963.), onde troca o "I" por "you".

A canção entrou no repertório dos Beatles em 1958 e até 1962 ela era cantada por John e George nos shows da banda. Foi tocada em alguns programas que os Beatles fizeram na BBC e quando gravaram a canção no álbum Beatles For Sale, Paul passou a fazer o dueto com John. Ringo toca bateria e faz uma percussão batendo as baquetas num caixote ou mala, numa homenagem ao baterista dos Crickets Jerry Allison. Quem ouve a música tem a impressão que são palmas batidas em colcheia.

Além dos Beatles, há versões de Words of Love com The Diamonds (gravada no esmo ano que a original), Jessica Lea Mayfield e Pat DiNizio (Smithreens) num álbum em homenagem a Buddy Holly gravado em 2009, por ocasião dos 50 anos de sua morte. Paul canta e toca um trechinho dela no documentário The Real Buddy Holly Story (1985). Há uma música do grupo californiano The Mamas & The Papas chamada Words of Love que nada tem a ver com a composição de Buddy a não ser o título.

Ficha técnica:

John: vocal principal, guitarra rítmica
Paul: vocal principal, baixo
George: guitarra líder
Ringo: bateria, percussão num caixote

Fonte:
Wikipedia (em inglês)
http://www.beatlesebooks.com/words-of-love
http://www.beatlesbible.com/songs/words-of-love/
http://buddyholly.pagesperso-orange.fr/page3.htm


Álbum da discografia americana dos Beatles
que contém Word of Love


quinta-feira, 17 de março de 2011

Grilos e Besouros - parte 4

Os Crickets e os Beatles tem muitas coisas em comum, a começar pelo nome, uma referência a insetos. A banda americana optou pelo nome para fugir do lugar-comum, pois as bandas ou grupos vocais eram sempre batizados com nomes de pássaros. Já no caso dos Beatles, em 1960, o então baixista da banda, Stu fez uma brincadeira num pedaço de papel usando o nome Crickets [grilos], pensou em insetos e aí veio Beetles [besouros], que John fez questão de emendar para Beatles. Hora dessas eu conto essa história.

Crying, Waiting Hoping foi composta e gravada por Buddy sem os Crickets em 1958, quando fez suas derradeiras sessões de gravação, tendo sido lançada após sua morte como lado B do single Peggy Sue Got Married (1959). Nessa sessão, participou o grupo vocal Ray Charles Singers.

A música era uma das mais tocadas pelas bandas do emergente Mersey Beat e os Beatles não ficaram atrás. Ela aparece em pelo menos três ocasiões na história da banda: fez parte do set list para o teste da Decca Records, ainda contando com Pete Best na bateria, onde os Beatles acabaram sendo recusados. Apareceu em vários programas que os Fab 4 fizeram para a BBC de Londres (1963-1965), já com Ringo, tendo sido lançada no álbum Live at BBC (1994) e foi lembrada depois em 1969 durante as Get Back Sessions (foi gravada provavelmente em 29 de janeiro daquele ano). Nesse cover (especialmente a versão da BBC), George mostra sua versatilidade como guitarrista solista, pois o solo ficou exatamente igual à versão original (feito pelo guitarrista de estúdio Don Arnone), além de fazer o vocal principal.

A letra fala do rapaz que levou um fora da amada mas se agarra à esperança de reconquistá-la. Além dos Beatles, ela foi interpretada por Marshal Crenshaw no filme La Bamba (1987) e em sua trilha sonora. Crenshaw fez o papel de Buddy naquele filme. Outra versão é a interpretada pela cantora e compositora Cat People.

Ficha técnica:

George: vocal principal, guitarra líder
John: backing vocal, guitarra rítmica
Paul: baixo, backing vocal
Ringo : bateria (BBC e Get Back)
Pete Best: bateria (Decca Tapes)

Fontes:
Wikipedia (em inglês)
http://www.beatlesbible.com/songs/crying-waiting-hoping/
http://buddyholly.pagesperso-orange.fr/homepage.htm

Decca Tapes: Pete Best ainda era baterista dos Beatles